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#OutubroRosaShopper

Quando olhamos para as desigualdades sofridas por nós mulheres, podemos verificar de que maneira o gênero se tornou manobra de manipulação, de modo que os baixos níveis de participação no mercado de trabalho pertencem a nós.

O que é inversamente proporcional e contraditório a maneira que a sociedade nomeia papéis de responsabilidade da mulher como imprescindíveis para o desenvolvimento de todos, afinal nós estamos a todo momento cuidando, ensinando, construindo e desconstruindo valores que ditam regras na atualidade.

Para o sistema, nesse cenário, a manutenção do equilíbrio consiste exatamente em minimizar a interdependência das mulheres, em fragmentar de certo modo o conjunto, enfraquecendo movimentos de liderança feminina, por exemplo. Assim a não funcionalidade de um discurso democrático e de sororidade entre as mulheres, favorece os diferentes níveis de autonomia dos subsistemas em que estamos inseridas. Por isso tanta invisibilidade e apagamento de informações, conversas, estudos e discussões sobre saúde das mulheres e funcionamento de seus corpos como um todo, porque não é interessante para lideranças, protagonizadas por homens, que mulheres tenham completo domínio e segurança sobre seus corpos e suas realidades.

Portanto a Campanha Outubro Rosa nos convida a refletir: Quem é essa mulher que abdica de símbolos de feminilidade, nomeados pelo mercado, e que a tornam vista na sociedade, para então lutar por sua existência singular e estória pessoal, além de desmistificar e abrir mão velhos padrões de comportamento que nos foram impostos toda a vida? Pode ser qualquer uma de nós.

Alimentar o discurso da fortaleza que se criou em torno da mulher, de que precisamos dar conta de tudo, que não podemos expor fragilidade ou vulnerabilidade para exigir respeito, empatia e compreensão é de fato uma agressão a tudo que estamos construindo em respeito a nossa existência e de outras mulheres que não tiveram a oportunidade de viver esse acesso.

Por isso, quando se trata de saúde da mulher, essa pauta vai muito além da ciência e do gênero, precisamos ter em mente o esforço levantado por uma mulher para realizar movimentos que não reverberam com a manutenção de formas reprodutivas anteriores, movimentos que são contrários ao que a indústria da beleza dita como regra para nós mulheres.

Para priorizar a saúde, e não somente a estética, lutamos por espaço como seres individuais, pois somos muitas. A pergunta é: Como exigir regras de comportamento para um gênero tão múltiplo, diverso, versátil, que gera vida e movimento?

Por que nos cobrar força e segurança ao enfrentamento de tratamentos tão agressivos pra nós e para nosso convívio em sociedade, se somos, a todo momento, direcionadas a cuidar do outro mas nunca questionar a respeito de si e do todo?

Cada estória deve ser acolhida de forma individual, para que toda mulher tenha voz ativa e seja protagonista da sua existência, não ditando formatos, pois passamos por processos e formas diferentes de lidar. Mas essa rede de suporte que traz o movimento Outubro Rosa, de giro de informação, de promover debates democráticos entre nós, com profissionais como nós, é importante para percebermos que é normal negar aceitação, sentir medo do desconhecido e antes mesmo do processo, ser um tabu falar sobre a prevenção.

– Texto de introdução ao evento Live Rosa Shopper, organizado pela equipe Shopper Supply, com foco principal na Campanha Outubro Rosa. Dividindo a mesa de debates com as mediadoras, Roberta Lopes e Natália Angeli, convidamos Dra. Thatiana Pavarino e Dra. Michelle Ferreira, especialistas em saúde da mulher. #OutubroRosaShopper

Por: Natália Angeli

Revisão: Gabriel Alverne e Roberta Lopes

Live completa no canal do Youtube: